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A Educação Popular parte do princípio de que em tudo existe dois lados e que o conflito de interesses está na essência da vida. O conflito gera o movimento, que gera a mudança, que gera a vida social e a história. O movimento criado pelo conflito, nos dá a certeza de que o mundo pode mudar o que foi construído pode ser desconstruído e reconstruído. 
Normalmente, os conflitos se apresentam entre interesses individuais e interesses coletivos. Quando em harmonia, os interesses individuais podem construir o interesse coletivo e este, tornar concreto os interesses individuais. Mas quando indivíduos, numa inversão de valores, submetem os interesses coletivos aos seus próprios interesses, os conflitos geram brigas e até guerras.
Nossa sociedade vive essa problemática: os interesses de poucos se sobrepõem aos interesses da maioria, proporcionando a geração de fortunas para alguns, dificuldades e até miséria para os demais.  (Texto: Ranulfo Peloso)

FAMÍLIA NA ANTIGUIDADE

Na sua origem a palavra família vem de famulus, que quer dizer, criado. Assim, família era a criadagem do homem, dono da propriedade que arranjava mulher e filhos para cuidar dele e de seu patrimônio, com ou sem laços de afeto. 

A CHAMADA FAMÍLIA TRADICIONAL

Nos dias atuais ainda é comum se falar da família tradicional que nasce cheia de normas, hierarquias e discriminações. Nessa visão, o costume, o status, a aparência externa, valem mais que a amizade e o diálogo. Esse tipo de família serve para o controle social, a manutenção dos privilégios e a garantia da ordem estabelecida na sociedade. Quem pensa e age diferente, passa a ser chamado de “ovelha desgarrada”, "filho rebelde".

CONCEITO CRISTÃO DE FAMÍLIA

Falava Jesus à multidão quando sua mãe e seus irmãos chegaram. Alguém lhe disse: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora querendo falar contigo. “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” perguntou ele. E, estendendo a mão para os discípulos, disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. (Mt. 12:46-50)

   O projeto foi pensado e criado para dá continuidade aos esforços e aos investimentos que Milton e Eunice Peloso nos ensinaram desde quando éramos crianças. Com eles aprendemos que para reunir bastava ter vontade e disposição. Mamãe mesmo afirmando que não gostava de festa e, com todas as nossas dificuldades financeiras, nunca deixou que um de seus filhos e filhas ficassem sem uma comemoração no dia do aniversário. Não tinha variedades de guloseimas. Mas, afeto, dedicação, um bolo e um copo de guaraná nunca faltou. Papai sempre dedicava algumas datas de seu calendário pessoal para visitar as famílias de seus compadres e comadres, bem como, arranjava tempo se reunir com os amigos para jogar dominó. Papai e mamãe devem ter apreendido o gosto por festas e por reunir com parentes e amigos com seus pais, que aprenderam com seus ancestrais e, estes, com os seus.

No mundo, no Brasil e no Pará, de alguma forma, todas as famílias se reúnem. Não é por acaso que nos paraenses gostamos de tantos e longos festejos regados a cerimoniais e muita variedade de comidas simples e gostosas. Desde 1990, quando mamãe

completou 70 anos de idade nossa família ampliada tem se esforçado para se manter em unidade. Afinal, reunir significa estar juntos, ainda que seja para discordar.

As festas e os encontros de famílias são organizados para celebrar e comemorar. Reúnem para agradecer uma conquista, uma vitória, um emprego, a chegada com saúde de um novo membro da família. Reúnem também para comemorar um aniversário, casamento, a chegada de um ente querido e até para chorar a morte de alguém da Família. Juntos podemos trocar, conhecer, ver de perto, abraçar, olhar nos olhos, relembrar experiências vividas em outros lugares e em anos e épocas anteriores. Reunimos talvez, porque a vida só é gostosa quando estamos compartilhando.

Por reconhecer a importância e os significados dos encontros familiares como estratégia de manutenção saudável da unidade das famílias, em particular da nossa família ampliada o Centro Cultural Sapucaia propõem onze encontros familiares, sendo quatro presencial e sete virtuais.

Educação Popular Versus Educação Tradicional

A Educação Popular vê que em tudo existe dois lados e que a disputa está na essência da vida. Esse conflito gera o movimento, que gera a mudança, que gera a vida social e a história. O movimento criado pelo conflito dá a certeza de que o mundo pode mudar. O que foi construído pode ser desconstruído e reconstruído.

A Educação Tradicional visa reproduzir as ideias dominantes para que tudo se mantenha como está. O professor se acha um superior que ensina alunos ignorantes. Já a educação popular adota a postura de parceria onde educador e educando trocam e aprimoram o saber, pelo diálogo.

Verificação dos  Resultados

O resultado da Educação Popular se percebe quando resgata a identidade e autoestima dos oprimidos; rompe sua dormência e a impotência gerada pela opressão; mobiliza por conquistas concretas; prepara para atuar na sociedade; eleva seu nível de consciência; faz dele um multiplicador criativo e o compromete na luta pela emancipação do ser humano.​

Educação Popular e a
Pedagogia do Oprimido

Todo processo de formação tem sua intencionalidade de acordo com as visões de mundo, em disputa numa sociedade de classe. A escola é uma das principais agências de educação usada para tornar comum a manutenção de uma ordem social ou de sua transformação. Junto com sua estratégia e seu projeto de poder, a formação prepara agentes missionários para implantar na população o seu fermento.   A escola oficial cultiva a ideologia da classe dominante e invade a mente e o coração da sociedade, visando tornar hegemônica a mentalidade de superioridade, individualismo, dominação, acumulação, ostentação, ... Sua escolarização tem a clara intenção de tornar natural e justificar o mundo de desigualdade, discriminação, preconceito, ódio ao pensamento crítico e, por isso, acusa de subversivo quem não serve à elite de plantão.

A OBRA DE EUNICE

Eunice nasceu em 1920 e faleceu em 2016. Pariu quinze  filhos e filhas. Com apoio do marido que ganhava um salário minguado, Eunice alimentou e educou seus filhos e filhas, desde a infância até tornarem-se adultos e adultas. 

Semianalfabeta e na condição de mulher, vivendo em um mundo machista, Eunice conseguiu criar uma família sadia, seguindo a receita de NUNCA SE ACOMODAR.

Eunice não esperou a chegada de soluções mágicas ou divinas. Fez da sua fé, alavanca para agir no dia a dia, a partir das condições reais que a vida lhe oferecia. Ela sempre teve como meta; educar e formar profissionalmente os seus filhos e filhas. E para alcançar tal meta, articulou de forma genial o binômio: TRABALHO e ESCOLA.

Durante todo o processo de educação de seus filhos e filhas, Eunice jamais hesitou em treina-los no trabalho, sem permitir que essa atividade se transformasse em desculpa para que alguém deixasse de estudar. O envolvimento dos filhos e filhas no trabalho começava nas atividades domésticas, passava pela execução das tarefas agrícolas que produziam alimentos para a família e completava-se pela missão de produzir e vender doces e outras guloseimas para aumentar a renda familiar.

Observada de fora, a família de Eunice se comparava a uma sadia cooperativa, onde todos trabalhavam para melhorar a vida de todos.

Trabalho, Estudo, Justiça, Honestidade e Amor ao Próximo. Estes foram os fundamentos do ensino no cotidiano da família. E tais ensinamentos eram repassados e cobrados com severidade.

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