Na postagem anterior sobre saúde, vimos que nossos pensamentos geram sentimentos, que por sua vez definem o comportamento humano. E essa ligação está atrelada às crenças que as pessoas adquirem no decorrer de suas vidas.
Na abordagem psicológica da Terapia Cognitivo-Comportamental, Aaron Beck e Judith Beck, dois estudiosos da TCC, desenvolveram a teoria das CRENÇAS CENTRAIS, também, conhecida como Crenças Nucleares.
Explicando melhor, Crenças Centrais são entendimentos (pensamentos e sentimentos distorcidos) que as pessoas tem de si, do mundo e dos outros, que ficam enraizadas na psique e são tomadas como verdades absolutas. Quando não tratadas em psicoterapia, geralmente são acompanhadas de expressões como “eu nasci assim, eu cresci assim e serei sempre assim...”. Se a pessoa não tem percepção ou mesmo que tenha, não pretende mudar, essas crenças ficam cristalizadas.
As Crenças Centrais podem levar pessoas a desenvolverem quadros de Transtorno de Ansiedade (TAG), Transtorno de Pânico (TP), Transtornos Depressivos (TDM) e outros... Entenda-se, a desenvolverem Transtornos, e não episódios, haja vista que episódios são pontuais e qualquer pessoa pode adquirir em algum momento da vida, face um acontecimento específico (como perdas, doenças, etc) e estão dentro de uma justificativa plausível.
As Crenças Centrais estão assim classificadas:
1) Crença de Desamor: a pessoa acredita ser indesejável, indigna de amor, imperfeita, sem atrativos. Os pensamentos recorrentes são, por exemplo, “não sou boa nem querida, não mereço o amor de alguém...”
2) Crença de Desvalor: a pessoa acredita não possuir valor, se julga incompetente e não ser merecedora de algo. Os pensamentos recorrentes são, por exemplo, “não tenho valor, não sou digna de atenção, não mereço viver...”
3) Crença de Desamparo: a pessoa pensa ser frágil, vulnerável e inadequada. A sensação predominante é de incapacidade, fragilidade emocional, uma sensação de estar sozinha no mundo. Os pensamentos recorrentes são, por exemplo, “não sou boa o suficiente, não tenho ninguém que me ampare...”.
Como a psicoterapia pode ajudar?
A psicoterapia pode ajudar a pessoa a evoluir emocionalmente, a reformular seus próprios pensamentos e sentimentos distorcidos. Pode ajudar a pessoa a sair desse ciclo destrutivo, pois sua principal meta é identificar as crenças centrais e questionar sua veracidade, de modo a impulsioná-la a efetuar mudanças significativas em sua vida.
Feliz da pessoa que não consegue se identificar em nenhuma das Crenças acima. Entretanto, é possível que você se perceba em uma delas, ou duas, ainda que de forma sutil, partindo do princípio que ninguém é perfeito/a, nem igual. Cada pessoa possui características próprias na sua singularidade.
Brasília, 28 de abril de 2022.
Erondina Sena. Psicóloga Clínica, especialista em TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental.
Muito bem, Erondina. Escreva mais!
Parabéns Dra Erondina Sena! Excelente texto!!!
Parabéns!!
Parabéns pelo seu artigo Eron.Muito edificante! Parabéns mesmo. Tudo a ver com a realidade!
Eron, muito interessante como você explica! Atualmente, existe muita gente cometendo suicídio, e às vezes, desconhecemos os motivos. Penso que alguém deve ter passado por situações que você expõe aqui.
Esses esclarecimentos podem salvar muitas vidas, se buscarem ajuda, acompanhamento. Você é fantástica! Admirável! Obrigada!